segunda-feira, 3 de março de 2014

O escritor, o sonhador e o vivente.


Ele conseguia imaginar, os dois no apartamento escuro.
somente a noite turva e chuvosa iluminando o que dava.
aquele sorriso sem jeito e ao mesmo tempo totalmente desejoso que só ela tem.
e aquele amor compartilhado de uma forma que só eles dois sabiam fazer.
os corpos em uma sintonia que não pode ser descrita, então nomeada de "frenesi sutil".
e o rádio tocando as músicas menos propícias para o momento, e terrivelmente apropriadas para os dois.
o mel contido nos olhos dela esbarram na escuridão infindável dos dele, em um breve encontro.
em seus ouvidos, um sussurro da voz doce..."despertas".
ele acorda...


...Eu...acordo.
me restam algumas linhas invisíveis nessa folha, e palavras escapam a mente.
a fumaça do cigarro parece já conhecer o trajeto até a janela entreaberta, pouco me importa.
o copo de jack já quase no fim, e a luz artificial que adentra o quarto deveria me ferir os olhos.
ao que parece, eu realmente não ligo, já não sei se sonhei, se vivi ou mesmo me iludi.
não sei nem quanto tempo passou, se é que passou algum.
a única certeza que resta é do que deve ser escrito nas linhas invisíveis remanescentes.
mesmo assim, sei apenas o que eu desejo escrever, isso não significa que eu deva, ou vá te-lo feito.
e essa dúvida vai acabar comigo, letra perdida por letra perdida.
até que nada aconteça, até que nada me sobre...


....até que nada eu me torne.

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