quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Zelo.


Essa noite eu decidi descer as escadas.
as longas e tão memoráveis escadas.
com a coragem que em tempo pude reunir.
para enfrentar os medos que há tempos já desconhecia.

Passei pelos corredores, em direção à saída.
os extensos, vívidos e tristonhos corredores.
munido de virtudes pomposas e alguma determinação.
para abrir as portas sem olhar pra trás e enfrentar o mundo.

Caminhei até o banco mais distante, no monte mais alto.
aquele velho e saudoso banco, sempre solitário, como eu.
sentado ali, provido de calma e sossego, decidir acender um cigarro.
um único e último cigarro, para que o sofrimento seja um tanto menor.

Sob o céu pouco estrelado, eu pude ver bem.
o brilho da cidade que ofuscava todas as estrelas.
senti a tristeza do mundo, belo e ferido por essa existência.
o humano é pútrido e vil, e compreender isso fez a lágrima salgar meus olhos.

Antes de partir, pensei em você, e tudo que me ensinou.
o tanto que me apaziguou, ainda que, as vezes, me sentisse só.
e todos as vezes que estivemos ali, sobre as luzes da cidade fria.
pude jurar que te ouvi chamar meu nome naqueles breves momentos finais...





...e o calor do teu coração me levou ao encontro da paz.