segunda-feira, 16 de março de 2015

Dor.



Observei silenciosa e atentamente.
enquanto a fé causava genocídios, por todos os cantos.
vi o sangue escorrer e os deuses se perderem.
o homem destruindo o homem.

Contemplei mundos sendo descobertos.
enquanto a ciência nos saciava a curiosidade.
vi o desconhecido se tornar mortalmente familiar.
o outro dissecando o homem.

Enxerguei, pálido e descrente.
enquanto políticas e cobiça nos encurralavam.
vi a ganância se espalhar e matar, como uma doença.
o poder correndo o homem.

Diante de tantas mazelas, guiei os restantes.
lentamente, em direção ao refúgio.
ainda temeroso, lhes pedi que vivessem, apenas.
há esperança de que eles sejam melhores, por eles mesmos.

não consigo deixar de me indagar.
se o homem foi criado para findar-se.
um processo tortuoso de autodestruição.
e apesar do zelo e de todos os cuidados...


...sinto que essa pergunta permanecerá eternamente sem resposta.