sexta-feira, 30 de março de 2012

Sinais de Fogo

Sempre que eu te vejo, me pergunto se vale a pena, manter a chama.
e quando você me vê, eu só tento saber....você realmente vê?
 as articulações e estruturas do tempo, seus alicerces, eles nos escapam às mãos.
talvez tudo o que possamos fazer seja esperar, ou talvez acreditar, com toda força.

Eu te procuro nos becos e vielas mais obscuros em mim.
nem mesmo o seu olhar me entrega qualquer resquício ou pista.
nada que eu possa ter como desculpa para chegar até seu doce sorriso.
e por um instante, apenas o sorrir foi o suficiente para me apaziguar dos medos.

Contudo, o vento rodeou sobre nossos sonhos inebriados.
o cerco estava feito, e a armadilha do coração, pronta.
me lembro de correr como nunca, gritar com raiva e força, chorar de tristeza.
e uma vez mais, aquela cena que na minha mente é como uma foto, imutável, irreversível.

Você me dava as costas, dizia um "adeus", quase sem voz, e partia.
meu coração questionava minha mente, que, por sua vez, questionava a própria sanidade.
antes de acreditar em você, eu tinha que acreditar nas suas palavras ríspidas.
tinha que acreditar que era verdade, que era mesmo o adeus.

Hoje é apenas mais um dia, como qualquer outro.
um dia como qualquer outro, nos últimos dez anos.
somente mais algumas horas, mais algumas semanas, e alguém bate à minha porta.
em suas mãos, a chave, a mesma de dez anos atrás, na minha porta, nas suas mãos...


...me pergunto se o que te segura é o medo do que irá encontrar....ou do que não irá.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Postcard

Olá, minha querida.
sim, eu estou escrevendo para você, apesar da minha timidez.
mas não me entenda mal, não espero que você leia isso.
na verdade, é uma situação medíocre, de tão cômica.
estou aqui, diante da aurora boreal, uma das coisas mais fantásticas do mundo.
e, contudo, a única coisa que consigo fazer é escrever essa carta.
e pensar, o quanto seria melhor, se você estivesse aqui comigo.
e está uma bela noite, apesar de tudo, bem bonita.
por alguns instantes, lembrei do seu jeito meigo de sorrir, quando fica sem jeito.
e de como seu olhar consegue ser intenso, mesmo por detrás do óculos.
RÁ....seu óculos, é tão...você, não sei explicar, mas é totalmente você.
assim como seu jeitos de mexer os dedinhos enquanto olha para baixo, quando não sabe o que dizer.
e cá estou, me torturando com esses pensamentos de ti, longe e perto, fracos e intensos.
acho que eu sou o único cara no planeta que escreve uma carta pra uma garota, dentro de uma van.
mas tudo bem, acho que eu escreveria para você, independente de onde fosse.
acho que o importante é você, ser pra você, por você.
já não sei mais o que dizer, acho que vou acender um cigarro e contemplar essa vista.

...mas cara, essa aurora boreal é bonita....queria te ter aqui perto.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sublime onde o silêncio está.

Ela se move, se desenvolve, te envolve, prende.
caminha, saltita, cantarola e por fim se põe na ponta dos pés.
e sobre o muro,  ela caminha, levando consigo sua atenção, mais do que toda.
talvez o velho destino seja bondoso com você, mas....hoje não.

E no decorrer da tarde, no sofá, ela encanta.
deita e rola, pinta e borda, sorri e desmancha sua força de vontade.
você luta contra isso, se esforça., se empenha, até conseguir acreditar que não é.
mas é engraçado quando percebe, que ela se vai, e a saudade nasce no teu peito.

A tua falta de jeito é tamanha, que ela só se diverte contigo.
apesar disso, não consegue entender o porque disso, não faz sentido pra você.
por fim , suas motivações são apenas a felicidade que a põe na ponta dos pés.
ou qualquer outra coisa que encha sua alma de conforto, e seu coração de paz.

Os compassos que embalam essa canção,  soam mais claros.
sua fraqueza se expõe, e tudo que pode fazer, é tentar se tornar mais forte, melhor.
mas ela te olha, te afaga e, com todo carinho, te tem com amor, do jeito que é.
a vida, enfim,  parece estar caminhado ao seu lado, e não na direção oposta.

Deixar o tempo virar, a chuva chegar,  o quebrado se consertar.
com alguma pouca esperança, e um punhado de sorte, um abraço e um local apropriado.
o esforço pode não ser necessário, pode ser melhor apenas deixar levar o que tem de se lavar.
sua alma pode ficar mais clara, seu coração pode ser um com o dela, mas é preciso querer...

...e seu limite sempre vai ser a força de vontade do teu querer.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Reflexo

É, parece que nossos dias de sorrisos e fagulhas, estão se esvaindo janela afora.
acho que os cigarros e cafés irão deixar de estar lá, nas próximas noites.
e o que virá depois disso? o silêncio embaraçoso e alguma esperança.
enfim, as palavras começam a fugir de mim.

Eu não me lembro bem quando foi a última vez.
acho que na verdade nunca houve uma última vez, 
decerto não houve um último romance, não para mim.
mas sei que vou me sentar naquela cadeira, e aguardar olhando para janela.

Vamos crescer, envelhecer, e meu perdão não chegará.
creio ter jogado meu maior tesouro no abismo, caindo em seguida.
agora essa solidão e esse sentimento de culpa me afagam.
e eu apenas posso querer te ter de volta.

Se você puder, talvez um querer momentâneo que possa me salvar.
ou qualquer desculpa pra simplesmente não mudar.
infelizmente, vejo que não vou ser capaz de tal feito.
e quanto a nós? eu vou ficar feliz se ainda houver um "nós" quando nascer o dia...


...você era minha esperança, e no fim, se foi.