sexta-feira, 10 de julho de 2015

O observador e as estrelas terrenas.



Venho de longe.
das profundezas do infinito.
meu nome é impronunciável.
e minha natureza parece ser incompreensível.

Cheguei aqui nos primórdios.
e pude ver o tempo passar com calma.
o que antes parecia promissor.
hoje só me expõe tristeza e tragédia.

Meu lugar de origem é utópico.
assim o constatariam, previamente.
sem disputas, sem ganância.
sem a predominância de uma classe favorecida.

Lá somos todos iguais.
com as mesmas responsabilidades.
ninguém existe desamparado.
somos uma unidade, uma raça.

Não há preconceito com cor da pele.
nem com sexualidade.
ou mesmo religião, se querem saber.
lá, somos fraternidade e amor.

Mas não se confunda.
lutamos contra inimigos externos.
seres que tentaram envenenar nossos conceitos.
e nos extinguir de dentro para fora.

Aqui eu vejo o oposto.
humanos, todos humanos.
se ofendem, se ferem, se matam.
por cobiça, por poder, por preconceito.

Suas guerras matam.
suas políticas matam.
suas religiões matam.
seu preconceito é praticamente um genocídio diário.

Minha espécie não consegue sentir raiva.
depois de uma parte da infância, perdemos o medo.
mas há algo que eu passei a nutrir pelo humano.
um sentimento chamado pena.

Vejo o destino que se traça aqui.
aos trancos e solavancos.
consumindo tudo e todos, dia após dia.
um processo não tão lento de autodestruição...


...e vou viver até o fim dos meus dias, tentando entender o porquê.