quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Relatos de um desconhecido

O ar é rarefeito, há certa dificuldade em respirar.
suas mãos tremulam, e a neve já parou de cair.
ele já não sabe se tem medo de morrer ou se teme ficar vivo.
mas no fim das contas, ele já não se importa muito.

É uma guerra, sem vencedores.
os tanques atravessam a floresta, impiedosamente por cima de tudo.
ele caminha sem muito esforço ou vontade.
vendo no horizonte, feixes de luz...é o campo de batalha.

O coração começa a palpitar, mais e mais rápido.
seus pés se movem de forma suntuosa, quase que inaudíveis.
ele passa a correr, sem nem olhar para trás.
não há espaço para lembranças aqui.

Ao chegar no final da floresta, ele consegue ver.
Balas voando para todos os lados, corpos sendo jogados no ar.
como bonecos, ele pensa...como bonecos.
ele se vê só por um instante....e pela primeira vez...sente medo...
E agora...?


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Lembrando dos tempos antigos...
quando tudo se escurecia, e sobrava apenas a luz.
fugaz passando pelos trilhos da ponte...
eu ainda me lembro


Viviamos nessa cidade, sempre de bom humor.
as coisas eram simples, a vida era boa.
e havia o café...ahh, o café.
com toda sua pompa, e seu sabor...


os amores voavam por entre nossos dedos.
não tinhamos medo...ou receio.
era tudo tão tranquilo.
e as coisas seguiam seu rumo.


enquanto o trem das duas passava...
olhavamos o céu estrelado.
a neve caia levemente, nos inspirando.
e a graça da brisa nos acalantava.

o tempo parou naquele instante.
dali em diante, a eternidade era nossa.
e depois disso tudo...apenas nos perguntamos...
porque?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Além...

Onde o tempo se perde.
ela vive a vagar, solitária.busca apenas companhia.
o inverno se econtra agora em seu ápice.
e uma vez mais, ela para diante da beleza.

A natureza lhe envolve, beija e por fim, abandona.
Se põe a caminhar novamente pela neve.
e por dias e noites quase intermináveis, ela andou.
sem medo, sem receio, apenas a saudade e a solidão.

O tempo vai passando, a imortalidade não.
um inverno que parece não ter fim, tal como a sua solidão.
ela já não se importa mais com aquilo que lhe move.
pensa em como tudo um dia já foi melhor.

Sem muitas esperanças, ela apenas caminha.
uma beleza sem vontade, um amor sem rumo.
eis que ela econtra, em meio ao nada.
a poltrona e a estátua...ou ao menos o que restou de ambos.

Por fim, sem ter mais o que fazer, ou mesmo ter vontades.
Ela se senta e recosta na poltrona.
deixa a brisa fria acalmar seu desespero.
permite aos flocos de neve suavizarem suas lágrimas.

Ao longe então ela pôde ver....a silhueta que cortava a luz do sol....
e ela já não estava mais só...