sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pseudônimos, colapsos e desertos de vidro.

Horizontes inconstantes, infinitos, distantes.
o olhar que goteja a displicência da qual sentimos falta.
caminhos entrepostos, escondidos e supérfluos.
uma estrada de tijolos composta apenas por nuvens e sonhos.

Ilusões encadeadas, preciosas, mascaradas.
Um arpejo que, milimétrico e comportado, desperta o desejo.
Vitórias que são derrotas, derrotas que não são nada além de tudo.
A necessidade normal de não se sentir necessidade.

Uma fina camada de vidro, nada além do chão sob seus pés.
através dele, você consegue ver? a fantasia do mundo perfeito.
Nada mais que sorrisos, alegria, e uma felicidade que não é.
tanta farsa que a desgraça quase cai na gargalhada.

Excentricidade de dar dó no coração, ainda que não haja um.
Os tiros de ousadia resvalam em nós.
Mas nossos escudos de indiferença já não funcionam mais.
Alvos fáceis na selva de concreto e mentiras, incessantes.

Brilho eterno, vivaz, caloroso, leve.
guia a luz clara e maravilhosa em direção aos nossos pés.
Brilho único, sereno, hipnotizante, pouco.
que de nada vale, se a mente será para sempre sem lembranças.

Olho nos seus olhos, procuro aquilo que não sei.
vejo a verdade em seu rosto, que cora logo em seguida.
sei que tenho todas as respostas, por toda a vida.
descubro que não me pertencem as perguntas, vejo você, fujo...


...e sumo nesse deserto, em meio a escuridão.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Solidão Ensurdecedora.

Era madrugada, e eu havia acordado.
um som, bem baixinho, entrava pela fresta da janela.
apenas a chuva, vivendo no mundo lá fora.
e o ventilador me passava uma sensação de conforto.

Me levantei, rapidamente me sentando na cama.
por alguns instantes, mantive-me ali, parado.
por fim me indaguei a respeito de minha vida.
eu estava sozinho, como sempre havia sido.

Novamente, me percebi parado, como 5 minutos antes.
decidi me levantar, sem muita pressa.
os pés tocando o chão gelado, e eu não me importo muito.
e em momento algum me dou ao luxo de cogitar o porquê.

Eu estou cansado, sinto o peso do infinito em meus ombros.
somado a essa amargura que não me acompanha, mas vive em mim.
e aquela tristeza que já deixou de ser confortável.
eu vou me arrastando, quase que sem vontade, em direção a cozinha.

Meus passos são largos, sorrateiros.
desprovido de qualquer força de vontade, que maior ou não.
Rege, ou deixa de ser em mim, em dado momento.
ponho água em um copo, lentamente, quase como que vivendo um pouco mais a cada gota.

Por um segundo, olho para o lado, a janela está aberta.
os ventos cruéis do frio que assola a cidade entram gentilmente.
deixo que eles me acolham, e nem ao menos me pergunto a respeito da janela aberta.
ao voltar minha atenção para o quarto, a silhueta da minha algoz ao fundo, sorri.

A ceifadora me acompanha com a vista, fixamente.
de certa forma, é até estranha, a facilidade com que se nota.
uma certa melancolia nas expressões mais do que indescritíveis dela.
o mais engraçado disso tudo, é que eu nem me dou ao trabalho de me importar.

Piso em uma poça d'água no corredor, paro de caminhar.
observo o meu reflexo na poça...por alguns instantes.
o que eu vejo? quem eu sou? ou me tornei.
uma raiva sem mesuras me consome, e pulo na poça incessantemente, até que....


...um sorriso toma o lugar da raiva.
eu simplesmente não sei explicar como, mas eu não conseguia.
não conseguia parar de sorrir, até o momento em que deitei na cama, novamente.
acho que lembrei de alguns momentos felizes, do seu rosto, seu sorriso....




....e pude dormir de verdade, enfim.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

je ne regrètte rien

Ela é meticulosa.
específica e esclarecida.
em cada pequenino detalhe.
dentre todos, até mesmo os que não fariam diferença.

Desinibida, perfeita até mesmo com defeitos.
defeitos esses, que são apenas um olhar mal dado.
quando a vista passa rápido.
e no momento se vê aquilo que não se tem.

Sempre excepcionalmente bem disposta.
com aquele sorriso espetacular.
ela vira o mundo do avesso.
seja em exposição, ou no nosso particular.

Entrelinhas perdidas ou escondidas.
versos, prosas e um pouco de verdades desmentidas.
se o sujeito se sujeita a tal situação.
nada me resta, nem o amor e nem o perdão.

Decerto que o tempo nos mostrará.
ou que algo nos libertará.
uma forma ou um som, irão proteger.
mas seremos perseguidos, até o fim.

E, capazes, fugiremos.
para longe, além do alcance dos olhos.
aonde as nuvens são claras e belas.
e aonde nossos sonhos são apenas sonhos...


...e apenas o seu sorriso me basta.




segunda-feira, 7 de novembro de 2011

"Wrong" side of a day

Como é corriqueiro dizer, consiste de tudo aquilo que é, está ou dá errado.
Na verdade, não é, essencialmente, dessa forma que funciona.
pode ser apenas um "não", ou mesmo um gesto, sem palavras.
o "errado" parece ser aquilo que, soa pequenino, mas no real, cai sobre nós como uma avalanche.

Um olhar, com a intenção apropriada.
pode tornar um mar de rosas em um deserto gélido.
apenas um sussurrar, outrora tão desejado.
pode se tornar um trauma imortal na sua vida.

O "errado" é uma inconstância.
sublime ação, disposta de verbos e modos.
capazes de trazer abaixo até mesmo a maior das convicções.
algumas vezes até sem esforço algum, incrível que possa soar.

As poucas verdades, sempre presentes em nossas vidas.
se desfazendo em meio ao caos interminável do "errado".
e o mais triste e desencorajante de tudo isso.
é a certeza de que esse mal vem, e algumas vezes...fica.

Mas tudo que tem um início, tem um fim.
e como o vento frio, que vem e vai, com apenas um soprar.
os males vem, no cair da noite mais escura de todas.
e se vão, sem que se possa perceber sua ausência...


...diante do nascer do sol de mais um dia.

"Right" Side of a day.

Normalmente, é, ou seria, o mais complicado de se expor.
Um amontoado de incertezas, uma ausência excessiva de falta de coesão.
são os fatos que não são, ou que deixam de ser.
o pouco que é muito, e de muito passa a ser tudo, apenas por um encontro.

O "certo" em um dia é mínimo, com efeito máximo.
uma minúscula sequência de ocorridos, que traz o infinito para uma vida.
num milésimo de segundo, em que um sorriso dá vida a um jardim de flores.
Abraços que fazem com que um minuto pudesse ser apenas o necessário para se viver e morrer.

"certo" não consiste em atitudes corretas, ou mesmo índole certa.
aqui, conceitos são apenas conceitos, e um momento pode ser "certo".
muito mais do que qualquer atitude baseada em índoles.
aqui, um afago é um mês, um abraço, um ano, e um beijo...duas vidas.

Tudo que acontece em um dia como esses, vale para sempre na mente.
é a sensação mais simples do mundo inteiro.
capaz de fazer o poço sem fim da solidão parecer apenas uma poça d'água a ser pulada.
e a tristeza das noites de chuva soar como as gotas de orvalho de uma manhã de primavera.

Enfim, definir ou mesmo delinear o que é o "certo" não cabe a nós.
somos detentores apenas da responsabilidade de presenciar e participar de tais momentos.
usufruir de um instante que sente-se como o "para sempre" é no minimo, sensacional.
seriamos agraciados com nosso infinito particular, uma vez mais...



...e um sorriso, novamente, nos trará ao fim.

Sides of a day

Os dias consistem de lados.
algumas vezes, um dia tem vários lados.
em contrapartida, outras vezes cada dia é um lado
na essência, crê-se que hajam apenas dois lados.

Em uma ponta, há o "certo".
por sua vez, do outro lado, temos o "errado"
ambos surgem de forma aleatória e desconexa.
e um não precede, sucede ou acompanha o outro, em sua totalidade.

Compreender que ambos não são, essencialmente certo e errado.
esse é o desafio, dado o fato seguinte.
não são definidos por coisas certas e/ou erradas.
são as minúcias das entrelinhas que definem cada um.

Toda essa pompa, será desmantelada em explicações.
constituídas das palavras que virão.
seguintes a essas que foram aqui expostas.
e desmistificado estará, o segredo de um dia com "lados".


"Através do tempo, das cicatrizes e marcas, pelos horrores que a vida joga em nossos braços, caminhamos com bravura e tenacidade."

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Solitude.

É, parece que vai ser isso.
Um instante suscinto, um respirar mais ofegante.
aonde o momento é tudo, e é nada.
seus medos são expostos, e você estremece.

Olha entre as folhas.
e vai ser ali, nas minúcias que não tem explicação.
naquele pequeno canto de um mundo inteiro.
onde perderá tua vontade, sua tristeza, sua razão.

Sempre que esgotamos nosso suor, nosso sangue.
ou o amor, o amor que se esvai, meticulosamente, de nós.
basta lembrar, e apenas lembrar, por minutos ou segundos.
que foi tudo o que nos pertenceu, somente por uma vida.

Mediante o amargo da compostura, somos complacentes.
entrepondo desfeitas, mesquinharias e um descaso inexplicável para com os pormenores.
perante o temeroso amanhã, incerto e inconclusivo como o agora.
somos as sementes recém colhidas que aguardam por um pouco de paz.

As histórias antigas nos ensinam, até onde se torna possível.
das virtudes, sempre indispensáveis no viver insípido de outros verões.
e dos vícios, por sua vez triviais e constantes em casos e casos.
e tudo o que aprendemos com isso...é a complexidade do compreender.

Outrora os fios que seguem tecendo as existências...lineares e convictos.
hoje são apenas pedaços de lã, puindo com o tempo, cedendo pouco a pouco.
a fábrica do querer desestrutura a pureza dos olhos claros como a neve.
por fim uma voz ecoa nas colinas mais altas da esperança e da fé...



....sussurrando que sua vontade é o que te move.